Violência mancha a história do dérbi campineiro
Texto Baseado Em Matéria do Correio Popular
Era uma quarta-feira a tarde... Típico dia tranquilo de uma cidade grande, mas cheia de problemas... Mas o andamento era calmo... Nada previa que fosse acontecer algo catastrófico... As pessoas viviam a sua rotina... Iam ao trabalho, cuidavam de suas casas, esperavam por um contato, sonhavam com suas férias ou com o amado, ou amada... Enfim, tudo transcorria normalmente...
Havia algum evento na cidade???... Sim, mas não era algo que pudesse se transformar em dor... Afinal, era uma quarta-feira, e o jogo era entre duas categorias de base de Ponte e Guarani... Os jogos estavam marcados para o Brinco de Ouro... Mas como sempre, a torcida de Ponte e Guarani compareceram. Mesmo assim, não era de se esperar que algo fosse acontecer...
A Ponte Preta venceu os dois jogos... Ambos pelo mesmo placar 2 x1... A galera festeja extensivamente... A torcida da Ponte é algo incrível quando se fala em vibração... Mas na saida algo aconteceu... E aquele fato poderia ser evitado... Sempre se pode evitar... Mas parece que não é de interesse da parte das lideranças ou mesmo dos PODERES...
De forma implacável, as torcidas entraram em confronto... Como sempre, a correria, a chuva de pedras, o enfrentamento corpo a corpo... Uma verdadeira batalha em um campo de luta improvisado... Um campo onde alguns trabalhavam, outros descansavam, ainda tinha quem sonhasse, quem amasse loucamente, independente da tarde de quarta, independente de tudo que acontecia naquele dia a dia...
E o pior aconteceu... Anderson Ferreira, torcedor do Guarani, levou a pior... Atacado, levou pedradas... E uma parece ter acertado a sua cabeça... Independente de alguém caido no chão, a luta continuou... Até que tudo acabou... Mas o corpo de Anderson continuava estendido no chão, no asfalto quente... A cidade continuava no seu processo, mas nas regiões do estádio do Guarani, alguém agonizava...
Anderson foi levado ao hospital em estado crítico... Lutou o quanto pode para sair daquele estado, mas não resistiu... Nesse fim de semana, Anderson morreu... Um jovem acaba de perder a vida por causa de um jogo de futebol... O que deveria ser uma festa de confraternização e gozação gostosa, sem maiores consequências, gerou a MORTE.. A raiva idiota gerou o horror...
Então vem o anúncio oficial...
O torcedor do Guarani Anderson Ferreira, de 28 anos, teve morte cerebral na manhã de ontem confirmada pelo Hospital Mário Gatti, em Campinas. Ferreira foi atingido na cabeça na última quinta-feira, durante um confronto entre torcedores da Ponte Preta e do Guarani na saída do estádio Brinco de Ouro. O incidente ocorre justamente no ano do centenário do clássico campineiro.
De acordo com o hospital, o torcedor teve traumatismo craniano e teria apresentado politraumatismos na região do tórax. Segundo a assessoria de imprensa, o torcedor teria sido agredido por pelo menos seis outras pessoas.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado para se informar se foi aberta alguma investigação sobre a agressão e se até o momento alguém já foi preso, mas até o final desta edição não obteve nenhum retorno.
A briga aconteceu no início da noite de quinta-feira, uma hora e meia depois da realização de dois derbinhos, no Brinco. Ferreira era integrante da Torcida Fúria Independente. Guarani e Ponte disputaram dois jogos pelas categorias sub-15 e sub-17.
A briga teria sido marcada pela internet. Munidos de pedras, paus e rojões, as torcidas duelaram. Neste encontro, o bugrino Anderson Ferreira teria recebido a pedrada. O episódio aumenta a preocupação com a segurança para o dérbi de sábado, no Majestoso.
Adiamento
O 188 duelo entre os dois times, marcado para o próximo sábado, pelo Campeonato Paulista, corre o risco de ser adiado ou transferido de cidade. Mas a agressão já fez integrantes do Guarani se manifestarem favoravelmente pela transferência do próximo jogo para outra cidade. A Ponte Preta é contrária à medida. Ex-comandantes da PM se dividem sobre a necessidade de transferência de jogo.
O adiamento do dérbi do próximo sábado ou a transferência do confronto para outra cidade são possibilidade que dividem especialistas. O ex-comandante da PM no Estado de São Paulo, José Vicenite da Silva, disse que é favorável à transferência do jogo do dia 24 para outra cidade e que não há clima para que a partida seja realizada em Campinas.
'Não há segurança em uma situação dessas. Se eu fosse o comandante da PM na região não aceitaria esse jogo na cidade', disse. De acordo com ele, a transferência do jogo teria caráter punitivo para os dois clubes, mas também defende que as punições previstas no Estatuto do Torcedor sejam aplicadas. 'É necessário que os dirigentes dos dois clubes realizem uma campanha pela paz.
Uma forma de reconciliar as duas torcidas. Vemos que em países como a Inglaterra, até 2010, as estatísticas mostravam que pelo menos três mil torcedores já haviam sido punidos com penas que vão desde a prisão ate a impossibilidade de assistir jogos nos estádios. Mas aqui a lei não está sendo aplicada', reclama.
A opinião não é a mesma do coronel da reserva e também ex-comandante da PM no Estado, Rui César Melo. O coronel afirma que não é necessário a transferência do jogo para outra cidade e que há medidas de segurança possíveis de serem aplicadas para garantir que as torcidas possam acompanhar a partida. Ele afirmou que 'duplicaria, ou triplicaria' o efetivo, mas não seria favorável à transferência do jogo.
'Em vista deste histórico recente, eu reforçaria o policiamento com policiais da Capital e do Interior. Poderiam aumentar o efetivo do choque no Interiror do Estádio e nos arredores. Para trazer paz e tranquilidade para o torcedor não é necessário empobrecer o esporte tirando as torcidas do estádio', disse.
A reportagem entrou em contato com o comando da PM em Campinas, mas foi informada que não havia ninguém ontem para comentar sobre o sistema de segurança a ser adotado no dia do jogo.
Presidentes
O presidente do Guarani, Marcelo Mingone, solicitará à Federação Paulista o adiamento e a transferência do local do dérbi centenário, marcado para o próximo sábado, no Estádio Moisés Lucarelli. O motivo do foi a briga entre integrantes de torcidas organizadas na última quinta-feira, após a realização do derbinho no Estádio Brinco de Ouro, que provocou a morte cerebral do bugrino Anderson Ferreira.
“O jogo está muito perto do incidente. A primeira atitude é pensar na segurança e não tem segurança, principalmente no campo da Ponte Preta. Conversei com a Polícia Militar e vou na Federação. Alguém tem que assumir a segurança”, afirmou Mingone.
Para o presidente em exercício da Ponte Preta, Márcio Della Volpe, não há motivo para a alteração do clássico campineiro. “Estas brigas acontecem independentemente do jogo. As torcidas organizadas agendam brigas com ou sem jogo. É uma questão que foge ao esporte, é caso de polícia, e não cabe aos clubes resolverem. E levar o dérbi para Araraquara não garante a segurança. Você só estará transferindo um problema, pois quem quer brigar, vai brigar em qualquer lugar.”
Della Volpe não acredita que a Federação Paulista irá acatar o pedido. “Nós temos direito de jogar em casa, é um campeonato, e se a Polícia Militar garante a segurança do espetáculo, a Federação Paulista manterá a data e local do dérbi. É triste o fato ocorrido, mas entendemos que isso não é uma questão do esporte, e sim caso de polícia. Quem causa essas brigas e mortes precisa ir para a cadeia”, completou.
O prefeito de Campinas Pedro Serafim (PDT), também defende que o clássico seja mantido em Campinas. “Sou a favor da manutenção do dérbi na cidade desde que exista um esquema de segurança para garantir a integridade dos torcedores e cidadãos”, comentou.
Os técnicos de Ponte Preta e Guarani divergem quanto ao local do dérbi de sábado. “Deve haver um bom senso. Houve uma fatalidade e as pessoas responsáveis pelo comando do jogo devem tomar cuidado. Minha sugestão é tirar o jogo de Campinas e, no ano que vem, com o mando do Guarani, fazer a mesma coisa”, disse Osvaldo Alvarez, treinador bugrino.
Para Gilson Kleina, jogar em outro estádio não é garantia. “Se nós fizermos isso (mudar o local da partida) estamos chamando a polícia de incompetente, pois é ela que garante a segurança das partidas. Quem faz este tipo de coisa é bandido, não torcedor de futebol. E nada garante que não vai haver violência em Araraquara ou na estrada a caminho de lá”, ponderou o técnico da Macaca.
É isso...
Espero que alguma coisa seja feita... Pelo menos todos nós esperamos por uma ação por parte das lideranças das torcidas organizadas... Mesmo porque, um estádio de futebol é como o palco de um teatro ou de um grande show... E se a proposta das organizadas é manter a violência, os estádios não são o lugar ideal para eles mostrarem a sua imbecilidade...
Que a minha amiga Regina consiga acalmar a sua indignação e lute, junto com todos nós, torcedores que amam o esporte acima de tudo, por uma mudança radical no futebol brasileiro... Porque essa violência é consequência dos mandos e desmandos dos poderosos, que se acham acima do bem e do mal, enquanto que os mais simples se degladiam e se mantam nos campos de batalha improvisados...
Portanto, Regina, indignação é pouco... Mas precisamos nos acalmar para fazermos algo com clareza, para não gerarmos mais violência... E que o Derbi aconteça... Que a sua centésima edição possa se realizar para a alegria dos torcedores que amam o futebo e amam os seus clubes... Que possamos ser uma Campinas, a capital do futebol, como foi nos anos 80...
Paz para todos nós... E aqui deixo um pensamento ao Anderson... Um pensamento para que ele siga em paz na sua caminhada...
um grande abraço a todos...
Joaquim Brandão...
Tuchê...
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